Parcelamento compulsório: o que é e como funciona?
Quando o assunto envolve o cartão de crédito, pagar a fatura completa é a melhor saída. Afinal, se você quitar todo o valor devido no prazo, não precisará se preocupar com juros e outras taxas. Porém, nem sempre isso é possível. Nessas situações, pode ocorrer o parcelamento compulsório.
Esse é um mecanismo criado para ajudar os clientes dos bancos e que pode favorecer sua organização financeira. Porém, antes de recorrer a ele, é necessário entender como esse processo funciona e quais impactos ele pode gerar no seu orçamento.
Neste artigo, você vai aprender o que é o parcelamento compulsório do cartão de crédito e quais são suas principais características.
Acompanhe!
O que acontece quando você não paga a fatura cheia?
Para entender o parcelamento compulsório, é preciso começar sabendo que existem duas situações possíveis quando você não paga toda a fatura do seu cartão de crédito: recorrer ao crédito rotativo ou realizar o parcelamento da fatura.
O primeiro caso acontece quando você paga apenas uma parte do total da fatura, como o mínimo indicado pelo seu banco. Nessa situação, o valor restante da fatura segue para a cobrança do próximo mês, com os chamados juros rotativos.
A segunda alternativa consiste em parcelar o valor devido. Nesse caso, você poderá dividir o montante mais os encargos em parcelas iguais, que serão cobradas ao longo dos meses seguintes, de acordo com a quantidade de parcelas escolhidas. Interessante, né?
O que é parcelamento compulsório?
Agora que você sabe o que acontece quando você não paga a fatura toda, é mais fácil entender o parcelamento compulsório. Afinal, ele é fruto de uma regra criada pelo Banco Central (Bacen) para limitar a utilização do crédito rotativo.
Essa regra é importante porque, antes dela, os clientes do cartão de crédito poderiam utilizar o crédito rotativo indefinidamente. O problema é que a incidência de juros mensais era muito elevada, o que fazia com que a dívida continuasse a se multiplicar se a pessoa não pagasse o valor devido.
Foi pensando em mudar essa situação que o Bacen criou a Resolução nº 4.549/2017. Ela é responsável por determinar que um mesmo saldo, seja financiado duas vezes pelo crédito rotativo do cartão, em um período de 30 dias. Desta forma o rotativo se torna uma opção para momentos de emergência, para você se organizar e conseguir voltar a realizar o pagamento total, com um fôlego.
Após esse período de 30 dias, é preciso pagar pelo menos o valor mínimo na próxima fatura, pois nesse valor está contemplado o saldo residual da fatura anterior. Caso o pagamento for abaixo do mínimo, será realizado de maneira automática o parcelamento compulsório.
Como funciona esse mecanismo?
Para entender melhor como funciona o parcelamento compulsório do cartão de crédito, veja um exemplo. Imagine que você fez uma compra no cartão de crédito e dividiu em 3 parcelas de R$ 600. A primeira parcela, com vencimento em dezembro, você conseguiu pagar normalmente.
Porém, na hora de pagar a segunda, com vencimento em janeiro, surgiram algumas dificuldades financeiras. Por não ter todo o dinheiro disponível, você optou por pagar apenas R$ 200. Como não houve o parcelamento, os R$ 400 restantes entraram no crédito rotativo, certo?
Então, na fatura com vencimento em fevereiro, constarão a terceira parcela de R$ 600 da compra realizada, os R$ 400 da fatura anterior e os juros e encargos.
Como a fatura ficou com um valor maior que R$ 1 mil, pode ser que você tenha dificuldade de pagá-la por completo. Nessa situação, você decide novamente pagar apenas R$ 300, um valor abaixo do mínimo da sua fatura. Pela regra antiga, os R$ 700 (aproximadamente) restantes poderiam cair no rotativo mais uma vez.
Porém, com as mudanças previstas pelo Bacen, você não poderá passar mais 30 dias rotativando o saldo de janeiro que você carregou para fevereiro. Com isso, caso você não pague pelo menos o valor mínimo da fatura, que está composto também pelo saldo residual de janeiro, o banco poderá realizar o parcelamento compulsório/automático da sua fatura. Assim, ocorrerá a incidência de juros e a dívida total poderá ser dividida em parcelas iguais.
Qual é a diferença entre parcelamento da fatura, parcelamento compulsório e crédito rotativo?
Com esse exemplo, você já compreendeu melhor como funciona o parcelamento compulsório do cartão de crédito, certo? Agora, é preciso entender quais são as diferenças entre essa alternativa, crédito rotativo e parcelamento de fatura.
A primeira distinção é o impacto que eles causam na sua próxima fatura. No crédito rotativo, todo o valor que não foi pago na fatura anterior mais os juros e encargos são cobrados na conta seguinte. Com o parcelamento de fatura, todo o valor da sua fatura pode ser parcelado em até 12x. E, com o parcelamento compulsório é igual, com a diferença de que, não há uma intervenção do cliente, a própria instituição realiza de forma automática o parcelamento. Por isso, o nome de compulsório.
A segunda, como já explicado, para que o parcelamento compulsório aconteça, o cliente não pode rotativar o mesmo saldo residual duas vezes, ou seja, o saldo que ele carregou para a fatura do mês seguinte, ele não pode continuar carregando para os próximos meses. Caso ele se encontre uma posição onde efetuou o pagamento mínimo e, na próxima fatura pagou um valor abaixo do mínimo informado, o compulsório é ativado.
Esse é o método praticado por todas as instituições financeiras, para que o cliente não se enrole e fique inadimplente.
E a terceira diferença é a cobrança de juros. O Bacen determina que as condições do parcelamento compulsório sejam melhores que as taxas do crédito rotativo. Isso significa que fica mais barato parcelar a fatura do que recorrer ao rotativo, sabia?
Para que serve esse tipo de parcelamento?
O parcelamento compulsório tem grande importância para quem utiliza o cartão de crédito no dia a dia. Uma das principais finalidades dele é evitar que você fique carregando a dívida por mais de um ciclo.
Dessa maneira, o parcelamento compulsório pode ser útil para evitar problemas financeiros significativos no seu dia a dia, como o aumento do endividamento. Como as parcelas são fixas e você pode se planejar sabendo exatamente o quanto vai gastar.
Ainda, o parcelamento compulsório também pode ajudar a organização das suas finanças, sabia? Em vez de arcar com os custos elevados do crédito rotativo, você consegue se planejar melhor para pagar as próximas contas no prazo certo.
Como resultado, será possível usar o cartão de crédito com mais estratégia e com menos riscos para o seu dia a dia.
Em quantas vezes é possível parcelar o valor devido da sua fatura?
Agora que você entende melhor o parcelamento compulsório, é necessário conferir alguns detalhes sobre ele. Entre os pontos que vale a pena saber, está o número de parcelas disponíveis para o pagamento da fatura.
Em geral, a dívida pode ser parcelada em até 12 vezes, mas o total depende do montante dado como entrada. Ou seja, se você pagar um valor menor que o mínimo da fatura e que seja diferente das condições previstas nas ofertas de parcelamento, o mecanismo compulsório definirá de modo automático as regras de pagamento.
Pense no caso de você pagar R$ 400 da fatura, sendo esse um valor menor que o mínimo apresentado na fatura. Se o parcelamento compulsório for ativado, ele será feito com o número de parcelas adequado para que cada prestação fique com esse montante pago inicialmente, em média.
Automaticamente o sistema analisa o valor pago, que é considerado como entrada, e dentro das 12 parcelas é feito na quantidade de vezes que mais se assemelha ao valor pago, no caso do exemplo R$ 400,00, assim se o número de parcelas mais próximo de R$ 400,00 reais for a opção em 11 parcelas, o compulsório será ativado em 11x.
Como escolher as condições do parcelamento?
Como você viu, o parcelamento compulsório não permite escolher algumas condições importantes. Entre elas, estão a duração das parcelas e, consequentemente, o impacto dos juros e quanto você vai pagar por mês. Para evitar isso, o ideal é buscar a solução antes do fim do período do crédito rotativo.
Imagine que você não pagou a fatura completa que vencia em 10 de janeiro e a próxima vence em 10 de fevereiro. Se em 10 de fevereiro você não pagar um valor igual ou superior ao mínimo apresentado na fatura, ocorrerá o parcelamento compulsório.
Por isso, o ideal é solicitar o parcelamento da fatura entre o fechamento e o vencimento da fatura, assim você evita a inadimplência e futuro bloqueio do cartão. Como consequência, você terá mais liberdade para escolher o que é mais interessante para a sua realidade financeira. Faz sentido, não é mesmo?
É possível cancelar esse parcelamento?
Como o parcelamento compulsório ocorre de maneira automática após 30 dias no rotativo, é válido destacar que ele não pode ser cancelado.
Para que esse parcelamento não ocorra, portanto, o ideal é buscar meios de pagar a fatura pendente. Como você viu, é possível solicitar o parcelamento de acordo com as condições do seu banco ou quitar todo o montante devido à vista.
O pagamento do valor de uma só vez pode ser uma alternativa adequada se você não quiser pagar os juros que incidem na parcela. Porém, você precisará se planejar financeiramente para conseguir arcar com os custos da fatura anterior e da atual, evitando que a situação se agrave, beleza?
O que acontece com o limite no caso do parcelamento compulsório?
Outra dúvida que aparece com certa frequência envolve o limite do cartão de crédito, no caso do parcelamento. Afinal, quando você paga a fatura à vista, o limite dela é liberado logo em seguida. Porém, o que acontece se a dívida for parcelada?
Nessa situação, o mais comum é que o seu limite seja liberado conforme você realiza os pagamentos das parcelas. Então imagine que você parcelou uma fatura de R$ 500 em 5 vezes. Por mês, você pagará mais de R$ 100, devido aos juros, certo? Porém, o valor que você usou do seu limite foi R$ 500.
Nesse caso, a cada parcela que você pagar, outros R$ 100 serão liberados do seu limite. Ao final do parcelamento, com o pagamento no quinto mês, os R$ 500 de limite terão sido totalmente restituídos.
3 dicas para evitar a inadimplência.
Todos estamos sujeitos a imprevistos que podem bagunçar um pouco o nosso orçamento, não é mesmo? Algumas situações fora do planejado, ou mesmo uma emergência que não tinha como prever e lá se vai o nosso planejamento para aquele mês. Para mitigar essas situações e te ajudar a passar por esses momentos mais delicados, separamos 3 dicas para você.
Conheça bem o seu orçamento
Você sabia que muitas pessoas não sabem realmente quanto ganham? Essa acaba sendo a receita perfeita para gastar mais do que o possível, então é preciso fugir dessa armadilha. Por isso, você deve conhecer muito bem o seu orçamento.
Veja o quanto você ganha e o quanto você gasta por mês, considerando os custos fixos e variáveis — e incluindo as outras faturas do cartão. Assim, você saberá o quanto pode destinar para novos gastos com o cartão de crédito, por exemplo.
Fuja das compras por impulso
Se você não consegue se controlar no momento de fazer uma compra, é comum se deixar levar pela falsa sensação de que usar o cartão de crédito não causa grandes impactos no orçamento. Isso acontece porque o dinheiro não sai da sua conta na hora, então pode surgir aquela ideia de que esse não é um gasto de verdade.
O problema é que isso faz com que as despesas se acumulem na sua fatura. Se o seu limite for mais elevado, isso pode tornar a fatura um gasto incompatível com seu orçamento. Portanto, é fundamental evitar as compras por impulso e planejar bem o uso do cartão.
Isso não significa que é preciso fazer apenas compras em dinheiro à vista, até porque seu cartão de crédito pode oferecer benefícios. Porém, é necessário refletir se você realmente precisa realizar uma aquisição antes de se deixar levar, combinado?
Tenha uma reserva para imprevistos
Mesmo mantendo o controle das finanças, imprevistos podem acontecer e gerar gastos inesperados, não é mesmo? Dependendo do cenário, isso pode colocar em risco o pagamento da sua fatura — especialmente se ela não estiver entre as prioridades do seu orçamento.
Por isso, para não correr o risco de atrasar o pagamento e ter que parcelar o valor, o ideal é manter uma reserva financeira. Desse modo, você poderá utilizar os recursos se for necessário, sem deixar de cumprir os prazos de pagamento.
Agora você sabe o que é o parcelamento compulsório do cartão de crédito e como ele funciona, certo? Com essas informações, você pode avaliar recorrer a ele se for necessário, evitando sofrer com o endividamento pela fatura que não foi paga no prazo.
Quer escolher as condições mais adequadas para as suas finanças? Veja como parcelar a fatura do seu cartão de crédito!