Malha fina da Receita Federal: entenda o que é e veja como não cair!

Malha fina da Receita Federal: entenda o que é e veja como não cair!

Todos os anos, milhões de brasileiros precisam prestar contas para a Receita Federal por meio da Declaração do Imposto de Renda. Esse processo pode parecer simples, mas exige grande atenção aos detalhes. Informações incorretas, omissões ou divergências podem levar o contribuinte a cair na famosa “malha fina da Receita Federal”.

O termo é bastante conhecido, mas muita gente não entende exatamente o que significa, quais são as consequências e como agir caso isso aconteça. Além disso, muitos também não conhecem as formas de evitar cair na malha fina, economizando tempo, dinheiro e dores de cabeça.

Neste artigo, vamos explicar de maneira clara o que é a malha fina, como saber se você caiu nela, quais são as implicações e quais cuidados tomar para não ter problemas com o “Leão”. Vamos lá!

 

O que é “cair na malha fina”?

A malha fina é um processo de análise e auditoria que a Receita Federal do Brasil realiza em todas as declarações do Imposto de Renda. A expressão é uma analogia a uma peneira, onde a Receita “peneira” as declarações para separar aquelas que apresentam inconsistências, erros ou informações que não batem com os dados que ela já possui.

Para isso, o sistema da Receita Federal cruza as informações que você declarou com os dados que outras fontes, como empresas, bancos e hospitais, enviaram para o governo. Se houver alguma divergência, o sistema automaticamente “retém” sua declaração para uma análise mais detalhada.

Por exemplo, se a empresa onde você trabalha informou à Receita que pagou R$ 50.000,00 em salários para você no ano, mas na sua declaração você colocou R$ 45.000,00, essa diferença será identificada. Da mesma forma, se você declarou despesas médicas de R$ 3.000,00, mas a clínica só informou R$ 2.000,00, a diferença também será notada.

 

Principais motivos para cair na malha fina

Cair na malha fina não significa, necessariamente, que você cometeu um erro ou fraude intencional. Muitas vezes, as inconsistências ocorrem por simples esquecimento, digitação errada de um valor, ou até mesmo por informações incorretas enviadas pelas fontes pagadoras.

Os principais motivos que fazem com que as pessoas caiam nessa malha fina são:

  • Erros de digitação: valores digitados incorretamente;
  • Omissão de rendimentos: esquecer de declarar salários, aluguéis, pensões, aposentadorias ou qualquer outro tipo de renda;
  • Inconsistência em despesas médicas: informar gastos de saúde sem comprovação ou valores diferentes dos que os prestadores enviaram à Receita;
  • Informações de dependentes: incluir dependentes que já constam em outra declaração ou lançar despesas duplicadas;
  • Divergência em fontes pagadoras: quando o valor declarado não bate com o informado pela empresa ou instituição financeira;
  • Valores incompatíveis: quando o contribuinte declara uma renda muito baixa, mas movimenta grandes valores em bancos ou possui bens de alto valor.

 

Como saber se caí na malha fina da Receita Federal?

A Receita Federal disponibiliza uma forma fácil, rápida e segura de identificar se você caiu ou não na malha fina. É possível identificar a situação da sua declaração pelo e-CAC (Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte), um portal online da Receita Federal.

Para isso, siga os passos a seguir:

  1. Acesse o portal e-CAC, disponível no site da Receita Federal;
  2. Faça o login utilizando o seu CPF e o código de acesso ou conta Gov.br;
  3. Clique em “Meu Imposto de Renda (Extrato da DIRPF);
  4. Acesse a área “Processamento” e, depois, “Pendências de malha”.

Se houver pendências, o sistema mostrará quais são os problemas encontrados. Você poderá visualizar relatórios detalhados que indicam exatamente onde estão as divergências.

 

Consequências de cair na malha fina

Muitas pessoas acreditam que cair na malha fina significa automaticamente ter que pagar uma multa altíssima. Mas nem sempre é assim. A consequência vai depender da gravidade da inconsistência e da forma como o contribuinte lida com a situação.

As principais consequências são:

  • Necessidade de retificar a declaração: na maioria dos casos, o contribuinte precisa enviar uma declaração retificadora para corrigir os dados. Essa retificação é a forma mais comum e simples de resolver a pendência e regularizar sua situação.
  • Bloqueio da restituição: se você tem direito a receber restituição, ela ficará bloqueada até que a pendência seja resolvida. A Receita Federal não fará o pagamento enquanto a declaração não estiver regularizada.
  • Fiscalização e multa: se a Receita Federal identificar a necessidade de uma fiscalização mais aprofundada, ela pode intimar o contribuinte a apresentar documentos que comprovem as informações declaradas. Se for constatado que houve uma omissão de rendimentos ou dados incorretos que resultaram em imposto a pagar, a pessoa poderá ser multada. As multas podem chegar a 75% sobre o valor do imposto devido.
  • Processo criminal: em situações mais graves, onde há indícios de fraude, omissão de valores e sonegação fiscal, o contribuinte pode responder a um processo criminal. Sonegação fiscal é um crime previsto em lei e pode levar à prisão.

 

Caí na malha fina, e agora?

Caso você tenha identificado que sua declaração caiu na malha fina, não se desespere! Na maioria dos casos, a solução desse problema é simples e pode ser resolvida de forma rápida. Para isso, siga os passos a seguir:

  1. Entenda o motivo da pendência: no e-CAC, a Receita Federal informa o motivo da inconsistência. Pode ser algo como “Rendimentos Recebidos de Pessoa Jurídica” ou “Despesas Médicas”. Leia com atenção para entender qual informação precisa de correção.
  2. Junte a documentação necessária: com a informação da pendência, reúna todos os documentos que comprovem os dados corretos. Por exemplo, se a pendência é sobre rendimentos, tenha em mãos o informe de rendimentos fornecido pela sua empresa. Se for sobre despesas médicas, tenha os recibos ou notas fiscais.
  3. Faça a declaração retificadora: com os documentos em mãos e os dados corretos, você deve abrir o programa do Imposto de Renda e selecionar a opção “Retificar Declaração”. Preencha apenas os campos que precisam ser corrigidos e, em seguida, envie a nova declaração. Para isso, lembre-se de que você precisará do número do recibo da declaração original.

Após o envio da retificadora, a Receita Federal irá processá-la novamente. Se os dados corrigidos forem suficientes para resolver a pendência, sua declaração sairá da malha fina e entrará no status “Processada”. Se você tiver imposto a restituir, o processo de pagamento continuará normalmente.

Caso não se sinta à vontade para realizar o processo sozinho, procure a ajuda de um contador para auxiliá-lo nesse processo.

 

Dicas para não cair na malha fina do Imposto de Renda

Evitar cair na malha fina exige organização e atenção aos detalhes. A seguir, veja algumas dicas práticas que preparamos para te ajudar na hora de realizar a declaração do Imposto de Renda:

Organize todos os documentos ao longo do ano

Mantenha uma pasta, física ou digital, com todos os seus documentos importantes ao longo do ano. Guarde informes de rendimentos, recibos de despesas médicas e escolares, comprovantes de aluguéis, comprovantes de compra e venda de bens, e qualquer outro documento relevante.

Essa organização simplifica o processo de declaração e garante que nada seja esquecido.

Cheque os dados das fontes pagadoras

Antes de declarar, confira se os valores que as empresas, bancos e outras fontes informaram para a Receita Federal são os mesmos que você possui.

As empresas, por exemplo, emitem o informe de rendimentos anualmente. Compare os valores declarados com esses informes.

Preencha sua declaração com calma e atenção

Reserve um tempo para preencher a declaração sem distrações. Revise todos os campos com atenção, conferindo valores e CPF/CNPJ de pessoas e empresas. Um erro de digitação pode ser o suficiente para te colocar na malha fina.

Utilize a declaração pré-preenchida

Utilize o modelo oferecido pela Receita, que já vem com várias informações importadas automaticamente. Isso reduz muito as chances de erro, embora ainda seja necessário revisar todos os dados.

Tenha cuidado com as despesas dedutíveis

As despesas médicas e de educação são as principais causas de retenção na malha fina. Só declare gastos com médicos e clínicas que você possa comprovar com recibos ou notas fiscais. Certifique-se de que os dados do profissional ou clínica (nome, CNPJ/CPF) estão corretos.

Lembre-se que despesas com remédios, por exemplo, não são dedutíveis (exceto se estiverem em uma conta de hospital).

Não omita rendimentos

Se você teve rendimentos de diferentes fontes, como salário, aluguéis, trabalho como autônomo, ou rendimentos de investimentos, certifique-se de declarar todos eles. A Receita Federal cruza essas informações com os dados de bancos e outras instituições financeiras, sendo capaz de identificar esse tipo de divergência.

Inclua todos os dependentes com cuidado

Se você tem dependentes, informe os dados corretos deles, incluindo o CPF. E lembre-se: só declare gastos de dependentes que você possa comprovar.

Faça a declaração com antecedência

Evite deixar para a última semana (ou para o último dia). Ao fazer a declaração com tempo, você pode revisá-la com calma e, se houver qualquer dúvida, buscar a ajuda de um contador profissional.

Ao seguir essas dicas, você pode se prevenir na hora da declaração do IR para não cair na tão temida malha fina!

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